A Conferência de Abertura do IV Seminário da Oficina de Paleografia da UFOP será ministrada pelo Prof. Dr. Tâmis Peixoto Parron, às 15h do dia 29 de Agosto de 2018, no Auditório Francisco Iglesias (ICHS). 


"Fact checking e agency finding: o papel do historiador depois do fim da História"


Minha pesquisa sobre a história global da escravidão negra no século 19 tem sido um processo errático e transformador para mim. Até mesmo o simples ato de formular esse objeto foi o ponto de chegada, não de partida, de uma trajetória que mudou por completo as questões motivadoras, os conceitos de análise e o repertório documental que eu tinha imaginado ao começar o doutorado. Mais importante que tudo: mudou até mesmo minha concepção de História. Nesta fala, quero defender a História como Ciência Social, um ramo do saber humano que vai além da função hoje reservada ao historiador na esfera pública (a de fact checking e agency finding) e que pode ajudar a enfrentar os desafios globais do século 21: desigualdades sociais, mudança climática, regimes alimentares especulativos e despossessões em massa.

Mesas Temáticas

Dia 29 de Agosto de 2018, às 19h, Auditório Francisco Iglesias (ICHS)

Mesa Temática I: 130 anos da Abolição e Estudos Africanos 

Dra. Ana Monica Lopes (UFOP)

Dra. Heloísa Maria Teixeira (Pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional)

Dr. Thiago Henrique Mota (UFV)

Dia 30 de Agosto de 2018, às 19h, Auditório Francisco Iglesias (ICHS)

Mesa Temática II: Religiosidade em Minas Gerais séculos XVIII e XIX

Dra. Adalgisa Campos (UFMG)

Dr. Gustavo Oliveira (UFV)

Dr. Francisco Eduardo Andrade (UFOP)

Conferência Dra. Ana Monica Lopes

Em breve.

Conferência Dra. Heloísa Maria Teixeira


"O Cinquentenário da Abolição da Escravatura: comemorações e debates no Brasil" 


O ano de 1938 marcou os 50 anos da abolição da escravatura no Brasil e, em virtude desse acontecimento, diversos eventos - seminários, lançamento de livros, apresentações culturais, desfiles, debates - aconteceram no país. Dentre esses eventos, destacamos as comemorações que ocorreram nas cidades do Rio de Janeiro, organizadas por Arthur Ramos, e em São Paulo, por Mário de Andrade (e que contou com a participação ativa de Ramos). Os eventos organizados para comemorar o meio século da abolição constituíram-se espaços importantes para tornar público um debate que se iniciava no Brasil, através da proliferação de pesquisas e publicações que queriam revelar a cultura afro-brasileira e as vicissitudes da temática racial no país. Conforme ressalta Olívia Maria Gomes da Cunha, "esse investimento foi principalmente realizado por uma Antropologia que, em via de institucionalização no país, ansiava por desfazer-se das abordagens racialistas que marcaram o nascimento de suas primeiras instituições científicas" (CUNHA, 1999, p.260). Nosso trabalho propõe, a partir da correspondência de Arthur Ramos, apresentar as discussões presentes nos eventos comemorativos da abolição no Rio de Janeiro, em São Paulo e outros pontos do país, como nos revela a troca epistolar entre o professor de antropologia da Faculdade Nacional de Filosofia com intelectuais de diversas partes do território nacional. Analisaremos também as conferências produzidas para as Comemorações da Abolição, assim como os textos relativos ao tema e publicados em jornais de norte a sul do país. Arthur Ramos, nesse momento, destacava-se como um dos principais partícipes dos Estudos Afro-Brasileiros. A partir da publicação de O negro brasileiro, em 1934, ultrapassou nossas fronteiras para fazer parte das discussões sobre o negro no Novo Mundo - sobre as quais os maiores expoentes estavam nas universidades norte-americanas.

Conferência Dra. Adalgisa Campos

"Contribuição ao estudo dos Livros de Inventários de Alfaias das irmandades leigas: a Irmandade do Santíssimo e ao seu acervo artístico (séculos XVIII e XIX)" 

A apresentação aborda a documentação produzida pelas associações leigas (irmandades ou confrarias) com ênfase naquela que inventaria os bens artísticos e apetrechos em atendimento à legislação diocesana vigente. Em monumentos religiosos que tiveram um cuidado especial e não foram alvo de quadrilhas voltadas para o furto de arte sacra é possível correlacionar as peças arroladas com o acervo ainda existente. O estudo dessa fonte contribui de maneira decisiva para as explicitação dos objetos e imagens de natureza sacra e os investimentos daquelas associações

Conferência Dr. Gustavo Oliveira


"O catolicismo plural: a construção do ultramontanismo no século XIX"

O propósito desta comunicação é analisar o ultramontanismo oitocentista. Não o entendemos como um termo homogêneo, fixo ou padronizado, mas como um local conflituoso de ideias, perspectivas e práticas. Também não o analisamos como uma imposição ou transplante da Europa para a América, pois sua construção sofre interferências do ambiente político e cultural. Assim, o termo ultramontanismos seria mais apropriado, pois o plural indicaria a dinâmica e a variação do pensamento católico. Nossa proposta não defende uma mudança na grafia, mas a percepção de que os conceitos trazem em si flexibilidades que não podem ser desconsideradas nos estudos históricos. Essa perspectiva combina com as propostas analíticas da Escola Italiana de História das Religiões, a qual definiu religião não como um objeto que pode ser isolado do seu contexto, mas como um conceito do qual é preciso retirar o caráter objetivo presente nas análises fenomenológicas. Nessa concepção, o ultramontanismo oitocentista é um processo que envolve disputas e negociações entre o poder civil e o eclesiástico. A comparação entre a situação politico-religiosa em Portugal e Brasil nos permite analisar o ultramontanismo por meio da atuação da Congregação da Missão. Para nós, esta ordem teve papel de destaque, tanto em Portugal quanto no Brasil, pois a atuação desses religiosos ilustra as diferenças nos modelos ultramontanos que se estabeleceram em ambas as nações. No território lusitano foram comumente considerados, por segmentos liberais, como opositores da liberdade; já na antiga colônia alcançaram o apoio de uma elite política durante o governo de D. Pedro II e, com isso, ampliaram sua influência. Em síntese, defendemos que a religião é um conceito historicamente construído, formada em um espaço cultural conflitante. O ultramontanismo, percebido como conceito, é elaborado a partir das práticas, negociações e embates existente em determinado contexto histórico-cultural.

Conferência Dr. Thiago Henrique Mota


"Arquivos africanos e fontes para escrita de histórias da África: o acervo do National Centre for Arts and Culture (República da Gâmbia)"

 

Esta comunicação discutirá possibilidades de investigação em História da África a partir de pesquisas em arquivos do continente. Vários países africanos possuem acervos em boas condições, organizados e catalogados, constituídos por documentos oficiais, gravações orais, comunicações particulares, imprensa, cultura material, imagens e vídeos. Não obstante tal riqueza, muitos destes arquivos continuam desconhecidos pelos pesquisadores brasileiros. Buscando apresentar possibilidades de pesquisas e fomentar o interesse de jovens investigadores por centros de pesquisa africanos, esta comunicação discutirá o caso do National Centre for Arts and Culture, localizado na República da Gâmbia. Esta instituição possui um dos maiores e mais reconhecidos acervos de documentação oral do continente, coletada entre as décadas 1950 e 1980, com transcrição nas línguas locais (sobretudo mandinga) e tradução para inglês. Trata-se de um acerco fundamental tanto às investigações sobre a História Africana a partir de tradições orais quanto ao reconhecimento das estratégias e epistemologias locais aplicadas à compreensão do passado vivido pela população da África Ocidental. Ao término, argumenta-se que o interesse dos pesquisadores brasileiros por arquivos africanos deve ser acompanhado pela busca por relações bilaterais entre universidades brasileiras e africanas, num regime de cooperação que possibilite o desenvolvimento de pesquisas e formação de profissionais de alto nível nos dois lados do Atlântico.

Conferência Dr. Francisco Eduardo Andrade


"Tratos dos terceiros do Carmo da capital das Minas (Ouro Preto), entre os séculos XVIII e XIX"


De acordo com os Estatutos da Ordem Terceira do Carmo de Vila Rica, o associado que participasse das atividades litúrgicas confraternais (festas ou ritos da Ordem) e tivesse direito aos serviços fúnebres e às indulgências, devia cumprir as suas obrigações: pagar as entradas e os anuais (e as joias), desempenhar as funções administrativas, guardar conduta (e se possível, a posição) correspondente à qualificação do professo da Ordem Terceira carmelita. Abordamos nesta comunicação, especificamente, os tratos mercantis ou econômicos relacionados aos pagamentos efetuados pelos confrades. Usualmente, os terceiros do Carmo (homens e mulheres), dependentes das transações comerciais para quitar dívidas, pagaram os débitos impostos por suas obrigações devocionais com gêneros de valor correspondente ou, então, por meio de créditos agenciados em benefício da sede da Ordem. Essa análise permite sondar as práticas e ocupações econômicas desses devotos, que, aproveitando o dinamismo mercantil nas Minas Gerais, integraram-se à rede confraternal própria da elite branca.

Minicursos 

Dia 30 de Agosto de 2018, das 13h às 15h, sala 11 (REUNI)

Minicurso IConservação e restauro de documentos com suporte em papel 


Ministrante: Ana Carolina Marques de Souza 
Vagas: 20


A produção e guarda de documentos têm sido essencial para a pesquisa histórica nos seus mais diversos âmbitos. Nessa perspectiva, a conservação e o restauro desses documentos tem uma função imprescindível para assegurar a continuidade de acesso a essas fontes. No minicurso veremos algumas práticas realizadas sobretudo para a conservação desse suporte, e também algumas práticas de restauro realizadas atualmente, nos aprofundando em alguns estudos de caso.

Dia 30 de Agosto de 2018, das 15h30 às 17h30, sala 11 (REUNI)

Minicurso II: Observar e transcrever: considerações acerca da Paleografia e da Diplomática Latinas Medievais. 


Ministrante: Dr. Bruno Tadeu Salles
Vagas: 20

A experiência de leitura e transcrição de manuscritos provençais do século XIII tem como pressuposto o que Paul Géhin (2017) chamou de aprimoramento de uma "educação do olhar". Essa educação parte de um exercício contínuo de apreciação e exame do manuscrito como um objeto material, portador de um recurso à escrita e testemunho histórico. A partir desses princípios, propomos apresentar nosso trabalho com os atos escritos da Ordem do Templo que compõe os fundos da série 56H. Seja pelo contato direto ou pelo avatar do formato digital, a medievística brasileira considera a oportunidade de contribuir para o estudo das relações e compromissos materializados instrumentos manuscritos.

Comunicações Livres

As Comunicações Livres ocorrerão no dia 30 de Agosto de 2018, das 08h às 11h da manhã, nas salas 07, 08, 10, 30 (REUNI) e sala I.30 (Prédio Antigo), simultaneamente.


Mais informações na aba destinada apenas às Comunicações Livres neste mesmo site.

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