Comunicações Livres

As Comunicações Livres ocorrerão no dia 30 de Agosto de 2018, das 08h às 11h da manhã, nas salas 07, 08, 10, 30 (REUNI) e sala I.30 (Prédio Antigo). 

Grupo de Trabalhos I, sala I.30 (Prédio Antigo) 

Evidências de uma Ordem; registro da associação leiga de São Francisco em Mariana

Natalia Casagrande Salvador

Documentos gerados durante os séculos XVIII e XIX registram as atividades da Venerável Ordem Terceira de São Francisco na cidade de Mariana, Minas Gerais. Essa associação, criada em 1758 produziu, a partir de então, diversos documentos que permitem ao historiador estudar e compreender melhor o percurso que seguiu a dita Ordem no decorrer de sua existência. Nesta comunicação pretendemos explorar um pouco do que aprendemos no estudo da Ordem Terceira ao longo de nossa pesquisa de mestrado. Embora o foco fosse o processo de construção da capela da Venerável Ordem (que se deu entre 1753 e 1794), nosso estudo possibilitou observar uma multiplicidade de temáticas abordadas nos documentos que evidenciam aspectos da vivência religiosa, política e social dos irmãos terceiros. Com formatos, finalidades e assuntos variados, cada uma das espécies documentais permitem extrair determinadas informações que juntas trazem uma noção geral do funcionamento e dinâmica da administração da Ordem, além de oferecerem um panorama da sociedade colonial - ao menos pela perspectiva da Elite Colonial- considerando a grande importância que tinham as associações de leigos em meio à sociedade.

Por trás das fontes e arquivos eclesiásticos: as potencialidades de pesquisa sobre as associações religiosas leigas nas Minas Setecentistas

Vanessa Cerqueira Teixeira

Divididas por critérios como qualidade, cor, naturalidade ou condição, as associações religiosas leigas foram organizações de pessoas que se uniam por interesses e devoções em comum a partir de um santo protetor. Sua origem remete à Idade Média Ocidental, mais exatamente ao século XIII, e representaram a conquista dos fiéis pela participação na vida religiosa, também inspiradas nas ordens mendicantes. Da mesma forma como as corporações de ofício demonstravam uma forma de associação por interesses profissionais, as irmandades e ordens terceiras representavam as agremiações espiritualizadas, assistenciais e caritativas. Sendo assim, os fiéis edificavam seu templo, administravam a vida religiosa local e prestavam auxílio mútuo entre seus membros durante a vida, seus momentos finais e após a morte. Na Idade Moderna, em meio à Reforma Católica, as associações leigas disseminaram-se da Europa para os territórios recém-povoados com a expansão marítima, chegando também à América portuguesa, com destaque para a região mineira, tendo em vista as restrições de entrada do clero regular. As pesquisas acerca das irmandades têm crescido cada vez mais, mas ainda faltam estudos a respeito delas. Essas instituições ganharam amplo espaço na sociedade e possuíram grande importância ao longo dos períodos colonial e imperial, possibilitando inúmeras discussões nos âmbitos político, econômico, social, cultural, religioso e artístico. A partir disso, o presente trabalho tem por objetivo ressaltar as possibilidades de pesquisa, abordagens, metodologias e documentações sobre o associativismo leigo nas Minas setecentistas. Discutiremos as principais fontes disponíveis nos arquivos eclesiásticos, como os Livros de Compromisso, Estatutos, Livros de Entrada, Livros de Receita e Despesa, Termos e Atas de Reuniões, Registros de Missas e Sepultamentos, Causas Judiciais, dentre outros. Das inúmeras questões a serem debatidas, ressaltamos aqui a compreensão da criação e desenvolvimento dessas associações, com o estudo de suas administrações, funções e dinâmicas internas; a análise da religiosidade vivenciada pelos membros, com suas crenças e práticas rituais; o conhecimento do perfil social dos indivíduos filiados, a construção identitária, os conflitos e as interações socioculturais.

As abreviações no contexto oitocentista: Um estudo dos livros da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias- Ouro Preto, Minas Gerais

Joyce Amanda Duarte

O presente estudo visa abordar as principais abreviações presentes nos documentos oitocentistas nos livros da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, Ouro Preto - Minas Gerais. Essas abreviações expressam em vários níveis a sociedade que convencionou utilizá-las. Quando lidamos com manuscritos de caráter histórico, observa-se uma problemática na compreensão dessas abreviações. Isso faz com que haja em alguns casos uma distorção em seu entendimento; Logo, saber interpretar a forma de grafar profissões ou mesmo nomes, podem trazer pistas sobre autorias outrora desconhecidas, além de ajudar a traçar os locais de trabalho de determinados mestres de ofício (tido hoje como artistas). Também é possível inferir que abreviações podem interferir nas relações de trabalho e poder, etc. Assim, entender que "sarg.to" quer dizer "sargento" ou que Antônio possa ser grafado apenas como "An.to" (ambos exemplos presentes no objeto de trabalho) é sinônimo de recriar o processo mental de um homem temporalmente distante, vivenciando seu processo de comunicação através de registros escritos. Portanto, o objetivo principal desse trabalho é fazer uma pesquisa analítica sobre as abreviaturas utilizadas no período oitocentistas e espera-se que este trabalho sirva de instrumento para futuras investigações.

Meu nome é "do Rosário": identidades, problemas e hipóteses a partir de fontes eclesiásticas no contexto escravista.

Andressa Antunes

As fontes primárias podem ser classificadas em dois grupos: qualitativas ou quantitativas. O segundo grupo engloba os documentos de informações seriadas, que apresentam uma coesão, mas precisam ser inseridas em uma temática bibliográfica, ou confrontadas com outras fontes para possibilitarem a escrita de uma narrativa interessante para a historiografia. O Abecedário de Irmãos (1780-1810) da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos pretos do Alto da Cruz apresenta uma lista dos nomes dos indivíduos registrados nessa confraria durante o século XVIII, seguidos de algumas informações como ano de entrada, local de moradia, cor, qualidade. Essas informações não apresentam uma reflexão evidenciada apenas na leitura do documento. Somente a partir do tabelamento desses dados e da confrontação com uma bibliografia sobre o tema, conferimos sentido e constituímos reflexões a partir dessa fonte. Considerando a natureza desta Irmandade (tradicionalmente de crioulos e africanos), é importante analisar os casos de irmãos que apresentaram "Rosário" em seus nomes, e que indicam hipóteses de crioulização ou de incorporação hereditária da devoção à Senhora do Rosário. Tais suposições não são oferecidas de forma direta, mas podemos inferi-las através de um trabalho historiográfico de enquadramento dos documentos em questões que são interessantes aos debates sobre o tema.

Fontes para a escrita da História Eclesiástica em Minas Gerais

Anna Karolina Vilela Siqueira (Coordenadora da sala)

A presente comunicação busca fazer uma breve análise acerca das fontes para a escrita da História da Igreja Católica em Minas Gerais, focando principalmente na discussão de dois tipos de documentos: as Cartas Pastorais e as Visitas Pastorais, bem como compreender como essas fontes são utilizadas para escrita da história eclesiástica. Esse tipo de fonte é de suma importância para pensarmos no aspecto de controle social e político e na organização eclesiástica do século XIX, pois eram os meios de comunicação da Igreja com seus fiéis. Possivelmente essa documentação foi uma das mais divulgadas na sociedade brasileira, tendo em vista que vinculavam através da leitura nas missas, nas reuniões das associações leigas e nos seminários. Atuavam até mesmo nas camadas sociais que não eram letradas. Assim, a circulação dessas ideias poderiam atingir mais a fundo essa sociedade, e muitas vezes superavam a imprensa, literatura os escritos filosóficos, científicos e políticos que existiam.

O "Aleijadinho" desde aqueles tempos: a (des)mitificação do mestre barroco

Leandro Gonçalves de Rezende

Os terceiros carmelitas de Sabará desmembraram-se dos terceiros de Vila Rica em 1761, reunindo-se, inicialmente, em altar lateral da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. A construção do templo definitivo da Ordem Terceira do Carmo de Sabará teve início em 1762, com a escolha do terreno, do material e do mestre pedreiro Tiago Moreira. O frontispício sofreu algumas alterações feitas por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que ali introduziu ornatos em pedra-sabão. O mestre barroco também executou obras nos púlpitos, coro, balaustrada e as imagens de São João da Cruz e São Simão Stock, ambas documentadas. Os altares do arco-cruzeiro e o altar-mor são de autoria de Francisco Vieira Servas. A pintura, ao gosto rococó, foi encomendada, no primeiro quartel do século XIX, ao pintor Joaquim Gonçalves da Rocha. Para além de sua rica história artística e religiosa, esse grandioso monumento rococó nos apresenta uma instigante documentação manuscrita. A análise minuciosa desses documentos trouxe à tona importantes considerações sobre o fazer artístico nas Minas Gerais do século XVIII e XIX, inclusive esclarecendo importantes questionamentos sobre a figura de Antônio Francisco Lisboa. As únicas imagens documentas e pagas por fatura separada ao escultor, encontram-se na Ordem Terceira do Carmo de Sabará. Tais imagens são significativas para os peritos, que, a partir delas, podem fazer diversas atribuições a outras obras fruto da lavra de Aleijadinho, que não foram documentadas. Aliás, a própria alcunha que o artista adquiriu com tempo é literalmente documentada no arquivo da ordem carmelitana de Sabará. O Livro de Registro da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo da Vila Real do Sabará, nas folhas 68, 68v e 69, possui um documento, datado de 19 de agosto de 1808, no qual Antônio Francisco Lisboa é formalmente chamado pelo apelido Aleijadinho. Assim, nessa oportunidade iremos apresentar esse importante documento, relativo às obras de construção do altar-mor, ressaltando suas potencialidades e o intrigante questionamento historiográfico que ele traz na (des)mitificação do mestre barroco.

Grupo de Trabalhos III, sala 08 (Reuni)   

O processo de Catharina Juliana, religiosidade e sociabilidade na Angola

Flávia Gomes Chagas

Em 1750 Catharina Juliana, uma mulher escravizada, natural de Luanda e moradora de Ambaca é presa pelo Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, acusada de heresia e feitiçaria. Pela natureza de sua acusação, o processo inquisitorial de Catharina Juliana é uma fonte rica em que oferece indícios valiosos a respeito do contesto em que é produzido. O processo de Catharina Juliana é também uma fonte documental manuscrita pouco, ou nada, utilizada pela historiografia. Assim sendo, com a pratica da paleografia e após as transcrições do mesmo documento nos deparamos com expressões culturais e religiosas autóctones de Angola, das próprias práticas ritualísticas e de como a religiosidade influencia na organização social e visão de mundo onde Catharina Juliana transitou. Também encontramos vislumbres das redes de relações sociais formadas em uma comunidade atlântica, no epicentro do encontro de culturas africana, europeia e americana. A partir da leitura crítica do dito processo percebemos uma trajetória singular; eram raros os réus da Inquisição que fizeram o trânsito de Luanda a Lisboa para serem julgados, até o fato que Catharina foi uma mulher de seu tempo, e julgada como tal, uma mulher angolana escravizada. Ela viveu em comunidades com forte presença portuguesa em Angola; Luanda e Ambaca, locais construídos em torno do mundo Atlântico, em um contexto de amálgama de culturas, mas que se mantinham essencialmente como espaços angolanos. Catharina se identificava como católica e ao mesmo tempo confessa ter participado de práticas religiosas de cura tradicionais da espiritualidade centro-ocidental africana. Com nossa comunicação pretendemos demonstrar os conflitos e as possibilidades de análise histórica de uma trajetória ímpar como a de Catharina Juliana, quando a percebemos como é a explicitamos como agente deste contexto de um mundo em movimento. Pretendemos também apresentar os tais indícios de práticas ritualísticas de cura e a religiosidade complexa de Catharina Juliana e seu contexto, as possíveis relações sociais construídas neste mesmo contexto e possibilidades de análise da cultura material presente na fonte. Principalmente pretendemos discutir o fazer paleográfico presente na pesquisa supracitada.

Um Pirata Inglês no Mar do Caribe: A Viagem de Francis Drake às Índias Ocidentais em Busca de Glória e Fama (1572-1573)

Marielen Gomes (Coordenadora da sala)

Dentro de um contexto de disputas territoriais, econômicas e religiosas entre os Impérios Inglês e Espanhol durante o século XVI, veremos como uma das muitas viagens do famoso corsário e pirata inglês Francis Drake às Índias Ocidentais pode ser entendida dentro da tríade God, Gold and Glory ou Fama, Fé e Fortuna. Pensando como as conquistas do Império Espanhol, ao se expandir para o Novo Mundo, se entrelaçaram com ideias clássicas retomadas pelo Renascimento, e tiveram reflexo nos pensamentos e ações dos homens e suas nações no decorrer do primeiro século da Era Moderna, fazendo-os assim se lançarem ao desconhecido. Além de como o nome Francis Drake passou a ser associado à grandes feitos, conquistando sua fama eterna.

Recurso à Escrita e Materialização do magisterium nos Instrumentos Templários do Século XIII: reflexões sobre a transcrição e a tradução de manuscritos medievais.

Bruno Tadeu Salles

O trabalho de transcrição e tradução de manuscritos medievais a partir do Brasil nos leva a considerar tal esforço não apenas do ponto de vista de constituir uma fonte ou tratar o escrito como um texto: depositório de fatos e datas que fluem para que o historiador possa realizar uma exposição. A questão central diz respeito ao estudo do ato escrito não apenas como ponto de partida para o trabalho do historiador, mas como ponto de chegada, um produto de relações e disputas. Discutindo as proposições e provocações de Joseph Morsel (2000, 2003 e 2008), apontamos o problema de por que o historiador tem o seu corpus, no sentido de como ele o tem. Além disso, consideramos a intuição de que o recurso à escrita materializada nos manuscritos do século XIII é diferente daquela do mundo contemporâneo. A partir dessas premissas, propomos apresentar nossa experiência com os manuscritos medievais, especificamente os instrumentos templários do século XIII. Diante dessas inquietações, explicitamos a potencialidade da perspectiva do medievalista brasileiro para conceber uma perspectiva relevante sobre a experiência dos sujeitos históricos ditos medievais.

Sobre a constelação documental do "Passo Honroso de Suero de Quiñones": codicologia, paleografia e análise comparativa dos textos

Lucas Werlang Girardi

Esta comunicação é parte do resultado da pesquisa de dissertação realizada na Universidade de São Paulo - USP, em que foram analisados diversos documentos referentes ao relato de um evento denominado "Passo Honroso de Suero de Quiñones", de autoria reconhecida para um escriba de nome Pero Rodríguez de Lena. O trabalho buscou a investigação de diversos manuscritos e um impresso dos séculos XV e XVI, tanto em sua materialidade, suas características codicológicas e paleográficas, e também quanto aos seus conteúdos. Entre os manuscritos estão o f.II.19 da Real Biblioteca do Monasterio de El Escorial (RBME), o 9/213 da Real Academia de la Historia (RAH), o M-104 da Biblioteca de Menéndez Pelayo (BMP), e RES/27, Mss 7811, Mss 18444 da Biblioteca Nacional de España (BNE), além do impresso R/1197, também da BNE. Ainda que toda a documentação verse sobre um mesmo evento, constituindo uma trama constante, existem variantes entre os textos, os quais se diferenciam na dissertação como as narrativas do Passo Honroso. A constelação documental se apresenta de forma bastante diversa, ainda que se possam encontrar características em comum entre as mesmas. Foram apreciadas a escrita e letras utilizadas por cada escriba nos textos, a relação entre escribas em cada manuscrito, escritos marginais, composição e organização dos fólios, assim como se observaram as possíveis adições e alterações posteriores à produção dos volumes. A fim de categorizar e estabelecer comparações sistemáticas entre as fontes, estas foram separadas por suas semelhanças e diferenças, sendo formados grupos para análise comparativa, visando entender os possíveis pontos de contato entre os documentos, e, da mesma forma, as novidades que cada um apresenta perante o todo. Dentro destes grupos, denominados de narrativas e coletâneas de cartas, foram realizadas novas tipificações com base nas relações entre os documentos. As narrativas foram separadas pelas parcelas de texto que continham em cada manuscrito ou impresso, com atenção à quantidade de escribas que trabalharam em cada códice, suas interações e escritas. As coletâneas de cartas, por sua vez, foram separadas pelas cartas que se repetiam em cada volume. O trabalho de investigação a estes manuscritos e impresso será o enfoque da comunicação e artigo aqui propostos, destacando o desenvolvimento da pesquisa e os resultados obtidos pela mesma.

O COMÉRCIO DE MARFIM NO MUNDO ATLÂNTICO: Um estudo paleográfico e codicológicos dos documentos do Porto de Angola, no Arquivo Histórico Ultramarino, e os livros da Casa Comercial de Luanda, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, dos séculos XVII a XIX

Ailton Junior de Paula Souza

O presente estudo faz parte do projeto internacional African Ivories in the Atlantic World, realizado pela UFMG e pela Universidade de Lisboa, em que busco mapear as rotas marítimas de tráfico de marfim para a costa brasileira, assim como fazer uma análise da quantidade de marfim in natura e lavrado que fora exportado para a costa brasileira nesse período. Utilizo dos documentos de registro do Porto de Angola, localizados no Arquivo Histórico Ultramarino, e os livros da Casa Comercial de Luanda, disponíveis no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Pelos registros do AHU, foi-se analisado que, entre os anos de 1724 e 1733, mais de 3.358 pontas de marfim deixaram o Porto de Nossa Senhora de Assunção de Luanda, com destino aos portos do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Esse volume pode ser contabilizado, grosso modo, a partir das informações disponíveis, em cerca de 50 toneladas - o que resulta numa média de 6 toneladas de marfins circulando anualmente entre Luanda e a costa brasileira, ainda na primeira metade do século XVIII.

Grupo de Trabalhos II, sala 07 (Reuni)  

Minas colonial: fontes manuscritas e instrumentos de pesquisa

Régis Quintão

O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados dos trabalhos de sistematização de instrumentos de pesquisa e acesso aos acervos do Arquivo Histórico do Tribunal de Contas de Portugal e da Biblioteca Nacional de Portugal, desenvolvidos por mim e pelo Prof. Dr. Caio César Boschi. A exaustiva empreitada se iniciou com a reprodução microfílmica e digitalizada dos referidos conjuntos documentais para, em seguida, se realizar a leitura paleográfica dos registros neles consignados. A etapa posterior foi a elaboração de quadros-resumo dos registros. Complementa a atividade, como elemento facilitador e, a nosso juízo, indispensável para a consulta, o estabelecimento de índices toponímico, onomástico e ideográfico dos registros. No total, estão disponíveis quase 6 mil documentos manuscritos sobre Minas Gerais, entre o século XVIII e as primeiras décadas do século XIX.

MULHERES CHEFES DE DOMICÍLIO NO TERMO DE MARIANA NO SÉCULO XIX

Milena Souza Oliveira

Os estudos sobre familia foram fortemente sustentados pela lógica do modelo da família patriarcal. No entanto, a partir do final do século XX, os trabalhos desse campo de pesquisa, têm sido elaborados a partir da preocupação em reavaliar esse modelo de família. A concepção de família patriarcal, como a de família extensa, chefiada pelo senhor da casa grande, foi sustentada por obras como a de Gilberto Freyre que propunham a existência desse modelo de maneira homogênia no território brasileiro, pode ser contraposta por trabalhos como de Robert Slenes ao trazer para a historiografia a presença da família escrava, ou de Eni Mesquita Samara ao colocar em primeiro plano a existência de famílias matriarcais. Neste trabalho, nos propusemos a analisar a existência dos domicílios chefiados por mulheres. Para este fim, utilizamos como fontes documentais, as listas nominativas dos anos de 1831 e 1832 do Termo de Mariana, digitalizadas, e originalmente disponíveis no Arquivo Público Mineiro em Belo Horizonte. Nosso estudo abarca as regiões de Catas Altas, Nossa Senhora da Boa Vista, Passagem e a cidade de Mariana, sendo a regionalidade o diferencial desta pesquisa. A partir das listas nominativas, foi possível traçar perfis de análises quantitativas das mulheres chefes de domicílio e perceber que a sua existência não ocorreu de forma isolada aparecendo em número expressivo na região. Deste modo, a partir da amostragem dos dados das listas, juntamente com outras bibliografias que também abordam a existência de mulheres chefes de domicílio em outras localidades do sudeste colonial e da primeira metade do Império, tentamos evidenciar que ao contrário do que a bibliografia clássica afirma, a família patriarcal brasileira não era hegemônica, havendo a existência de diferentes tipos de famílias.

A participação das mulheres na Revolução Francesa (1789-1799)

Gabriela Stehling Sarmento

O papel esperado das mulheres na Revolução Francesa foi o de permanência em ambientes privados. Apesar disso, a participação feminina na Revolução aconteceu durante todo o período revolucionário, com participação de diferentes grupos econômicos, idades e origens familiares. Nesta apresentação, viso trabalhar com um documento escrito por uma mulher no período revolucionário, Marie-Madeleine Guimard em 1789. O documento utilizado é uma carta manuscrita de duas páginas, disponível no site da Biblioteca Nacional francesa (Gallica), no formato de 198x113 mm. A carta foi escolhida por se encaixar na temática de estudo das atuações das mulheres na Revolução, pensando a pluralidade de possibilidades que as mulheres possuíram enquanto sujeitos históricos. A busca a documentos visa criar uma possibilidade de diálogo com a realidade das agentes na Revolução.

A legalização de documentos judiciários dos Cartórios do Primeiro e do Segundo Ofício do Arquivo Histórico da Casa Setecentista de Mariana nos séculos XVIII e XIX

Carlos Orlando Osorio Osorio

Esta pesquisa está baseada nos documentos judiciários dos Cartórios do Primeiro e Segundo Ofício do Arquivo Histórico da Casa Setecentista de Mariana, sob a guarda do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Mais precisamente, a documentação selecionada refere-se as Ações Cíveis. O recorte temporal proposto atingirá os séculos XVIII e XIX. Tem como objetivo Compreender as transformações ao longo do tempo nos protocolos de legalização dos documentos selecionados, através da análise da cultura material, sobretudo das assinaturas, marcas de tabelião, carimbos, selos de água, selos impressos, formulários pré-impressos, entre outros. Ressalta-se que não se considera o conteúdo dos documentos, mas sim a tipologia e envolvidos.

BREVE ANÁLISE PALEOGRÁFICA DA ESCRITA DO TABELIÃO GRACIA GOMES PILLO E DISPONIBILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS PARA PESQUISA: MANU SCRIPTUM ONLINE

Alexandre Henrique Silveira

Os projetos de pesquisa BTMLH - Banco de Textos Manuscritos: preparação (digitalização e edição) de documentos para pesquisas em Linguística Histórica, e A disponibilização on-line de manuscritos mineiros, ambos desenvolvidos no DELET/ICHS/UFOP e coordenados pela Profa. Dra. Soélis T. do Prado Mendes, têm como objetivo, no caso, o primeiro: a seleção, transcrição, edição e digitalização de documentos setecentistas produzidos nas Minas Gerais; enquanto que o segundo propõe apresentar o site Manu Scriptum Online, que visa contribuir para a pesquisa na área da Linguística Histórica e de outras áreas que também têm o manuscrito como objeto de análise. Neste IV Seminário da Oficina de Paleografia, portanto, nosso intuito é fazer uma breve discussão acerca dos traços paleográficos da escrita de Gracia Gomes Pillo, tabelião que produziu diversos manuscritos em Minas Gerais, tendo como base textos nos anos de 1711 a 1713, além de também apresentar alguns fenômenos sintáticos. Trata-se de testamentos registrados nos primeiros livros de notas de Vila do Carmo (entre 1711 e 1731), sob a guarda do Arquivo Histórico da Casa Setecentista de Mariana. Queremos expor algumas das peculiaridades da escrita de Pillo, tanto do ponto de vista paleográfico quanto sintático. Ademais, faremos uma exposição de como o site Manu Scriptum Online foi constituído, como é seu funcionamento, como ele pode auxiliar a pesquisa na área diacrônica e, para tanto, pretende-se apresentar uma ferramenta que estamos tentando desenvolver que contribua para localizar palavras, respeitando a grafia de época pretérita, e suas diversas possibilidades nos bancos de dados.

Grupo de Trabalhos IV, sala 10 (Reuni)  

Da faculdade de adivinhar à medicina empirista: o ensino médico no quadro da reforma universitária de 1772

Luis Filipe Maiolini (Coordenador da sala)

O tema dessa comunicação é o estudo das teorias médicas que perpassaram pela cultura letrada da Universidade de Coimbra, que influenciaram nas concepções de corpo, saúde e doença na sociedade portuguesa. Ao apreender esse aspectos, dentro do moderno paradigma científico do século XVIII, a comunicação pretende abordar o discurso da ciência como estratégia de demarcação e enquadramento da cultura portuguesa ao iluminismo; igualmente, as maneiras pelas quais as teorias médicas foram mobilizadas pelo discurso político de Pombal para legitimar seu projeto reformista. Desse modo, a partir da utilização de fontes primárias, sobretudo entendendo os Tratados médicos como dispositivos capazes de potencializar as demarcações de fronteiras do saber médico em relação ao universo do político, por meio de questões normativas e retóricas, a comunicação busca nestas fontes o processo de institucionalização da ciência moderna na Universidade de Coimbra. Corroborando para compreender os usos de uma linguagem, que a cada momento pretendia ser científica, empírica e utilitária e que foi se desenvolvendo como artifício discursivo para engatilhar um traçado ilustrado na cultura portuguesa. A comunicação pretende, concomitantemente, mapear as tradições nas quais os médicos portugueses estavam se apropriando para o fim de reforçar seus posicionamentos sobre o problema do obscurantismo intelectual e da cultura livresca na universidade de Coimbra. A análise desta postura nos permitirá compreender as diferentes percepções de medicina no período pombalino e as maneiras de reprodução, conformação e difusão das artes e práticas medicinais.

Paisagem do Antropoceno brasileiro

Kaian Luca Perce Eugênio

Esta comunicação gostaria de expor o Antropoceno, este é um novo tempo aberto pela modernidade, temporalidade em que os seres humanos alteraram a composição química, física e biológica do planeta e tornaram-se um agente geológico. Esse fenômeno é conseqüência de uma relação conflituosa entre os seres humanos e a natureza, surgida com as narrativas de liberdade do Iluminismo e com a sociedade industrial. A passagem do século XVIII para o XIX inaugurou o discurso das filosofias das ciências conduzidas pelo progresso e desenvolvimento que intensificaram o uso da técnica e da razão instrumental sobre o mundo natural. Isso coincide com o aumento na extração e movimentação de recursos naturais na biosfera do planeta Terra. Desde 1950 no Brasil, o grande uso de combustíveis fósseis para colocar a pátria na lógica do capitalismo moderno, aumentou os conflitos, os desastres, a criminalidade, a desigualdade e a degradação do meio ambiente. Hoje, o sistema capitalista, a imensa população do planeta, a alta demanda por energia, água, alimentos e a expansão urbana forçam a capacidade de apoio que os ecossistemas têm para sustentar a vida. No Brasil, a grande aceleração causou danos irreversíveis a corpos d'água, florestas, campos, corpos rochosos, animais e solo. Os ecossistemas estão sendo usados ​​além do limite natural de renovação gerado pelo ciclo de vida. Esta comunicação levanta questões a fim de compreender a humanidade não apenas como uma construção social e política, mas como uma espécie, e do ponto de vista da história profunda, isto é, entender como as heranças culturais e biológicas da espécie humana da última centenas de milênios podem ajudar o historiador e os cientistas a problematizar a responsabilidade, a disponibilidade e o compromisso da humanidade de pensar sobre os desafios da gestão ambiental e da sustentabilidade para além do capitalismo e do imediatismo da política.

Aspectos de crítica textual das cartas de 1672 do Ms. 2967 (Coimbra, Portugal)

Paloma Sabino Gomes

Esta comunicação individual tem como finalidade tornar de conhecimento da comunidade acadêmica o Ms. 2967 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Pretende-se, assim, elucidar aspectos de natureza linguística e extralinguística do texto em análise na pesquisa da área de Estudos Linguísticos da UFMG, realizada pela mestranda Paloma Sabino, sob orientação da Profa. Dra. Aléxia Teles Duchowny. O corpus é composto por cartas escritas pelo Marquês de Gouveia ao Rei e ao Secretéario Geral sobre negócios da Embaixada. Dessa forma, discutir-se-ão também aspectos relevantes concernentes ao gênero carta, mais precisamente carta comercial. A digitalização do Manuscrito foi inédita para se desenvolver a pesquisa "O negócio no Português do século XVII", que pretende dar conta do fenômeno de gramaticalização do termo "negócio" nessa data. A fim de tornar mais prática a parte dos estudos filológicos/ paleográficos no trabalho, serão apresentadas e discutidas transcrições de breves trechos das cartas, mostrando-se questões grafológicas e semânticas inerentes ao texto. O objetivo dessa apresentação é que se faça uma contribuição linguístico-histórica para a área de estudos filológicos, e, futuramente, almeja-se, ainda, fazer a edição semidiplomática dessas cartas.

As consultas de serviço real para governador e capitão-general da região mineradora (1707-1720): uma breve análise diplomática e textual

Fabiana Léo Pereira Nascimento

Na segunda metade do século XVII, a partir da Guerra de Restauração ou da Aclamação (1641-1668), a história do império português passa por um momento de inflexão. Reconfiguram-se os centros de poder da monarquia, com a consolidação da dinastia dos Bragança e o rearranjo da nobreza articulada em torno dela. Começa a se esboçar, nesse contexto, uma importante mudança de paradigma político: ao tradicional entendimento jurisdicionalista do poder, acrescentam-se instituições e dispositivos para uma administração mais ativa por parte da Coroa. O mundo português vive, então, um esforço de modernização das formas de governar, que atenta, dentre outros pontos, para a crescente especificidade das questões relativas às partes ultramarinas. A descoberta do ouro, manifestada à Coroa na década de 1690, veio a intensificar esse quadro. O presente trabalho visa tecer algumas considerações sobre o provimento do cargo de governador e capitão general para a região mineradora na primeira metade do século XVIII. A partir da análise das consultas de serviço real elaboradas pelo Conselho Ultramarino, pretende-se compreender o perfil dos opositores e nomeados e a retórica que configura o candidato real para a governança da região. Após uma breve análise diplomática do corpus selecionado, propõe-se, ainda, lançar luz sobre as linhas gerais da atuação e da natureza do Conselho Ultramarino como instituição específica do novo paradigma administrativo acima mencionado.

A CHEFIA LOCAL DE ARTHUR BERNARDES EM VIÇOSA: DISPUTAS OLIGARQUICAS E IMPRENSA

Natália Fraga de Oliveira

Nesta comunicação, tomamos como direcionamento a ideia de que o político pode-se manifestar-se nas diversas camadas da sociedade. A imprensa é uma dessas e demonstra-se como local atrativo. Desse modo, procuramos estudar a fase inicial da carreira política de Arthur da Silva Bernardes como foco no período de 1905 a 1907. Momento este que Arthur Bernardes assumiu a chefia do jornal Cidade da Viçosa iniciando o estreitamento de suas redes de contatos pessoais. Assim sendo, buscaremos estudar a manifestação do político no jornal chefiado por Arthur Bernardes na tentativa de entendimento do sistema administrativo do município de Viçosa naquele momento, pois os atos administrativos eram publicados na imprensa. Levaremos em consideração que, ao retornar à Viçosa, Arthur Bernardes inicia sua atividade de advogado e, casa-se com a filha do senador Carlos Vaz de Melo, que era o proprietário do jornal Cidade Viçosa. Neste sentido, o viçosense, consegue, em um espaço curto de tempo, se inserir no mudo político, passando a fazer parte do Partido Republicano Mineiro, elegendo-se para o cargo de vereador pelo distrito de Teixeiras pertencente à Viçosa. E, mais tarde, conquista outros cargos eletivos, como a presidência da Câmara de Viçosa equivalente ao cargo de prefeito, cooptando correligionários e outros políticos para a sua sustentação no poder local. A partir deste momento, Arthur Bernardes passa a disputar a chefia local com o antigo político José Theotônio Pacheco. Com base no estudo desenvolvido até o momento, será necessário compreender os processos políticos que ocorriam na primeira República Brasileira, nos quais Arthur Bernardes ascende no mundo político, pois o momento é de grande complexidade e com indícios de fortes disputas eleitorais entre os grupos dominantes. O pequeno valor dado ao voto decorrido das fraudes eleitorais não será negligenciado. Nossa revisão historiográfica será no sentido de que a Primeira República não foi um período de harmonia entre as oligarquias existentes, mas que ocorriam disputas acirradas em todo o processo eleitoral, desde a qualificação dos eleitores, que era realizada no âmbito municipal, até a apuração dos votos. Assim, pensar a trajetória política de Arthur Bernardes, é interessantes, pois o mineiro consegue conquistar a confiança de grupos oligárquicos sem pertencer originariamente ao universo agrário. Inicialmente, o que ele possuía a seu favor era a posição de Bacharel em Direito e o domínio das letras, o que o permitia expor seu posicionamento político.

Grupo de Trabalhos V, sala 30 (Reuni) 

O reformismo ilustrado português e as instituições fazendárias no Império Luso-Brasileiro

Daiane Alves

A presente comunicação pretende problematizar os modelos de organização fiscal que foram desencadeadas pela mudança da Corte para o Brasil em 1808, e compreender como a especialização dos funcionários em torno do reformismo ilustrado possibilitaram os parâmetros necessários à instalação de diversas instituições na América, o que levado aos últimos termos com a ruptura política entre Portugal e Brasil favoreceu a consolidação de uma elite política fortemente engajada nas funções fazendárias. O estudo da atuação institucional desses personagens é fundamental pois em torno das ações desempenhadas por eles que se criam as bases necessárias para a consolidação de uma independência e consequentemente do ordenamento fiscal vigente durante o Primeiro Reinado. Esse processo se dá em meio a disputas, tanto no que tange às discussões travadas em torno da Corte no Rio de Janeiro, quanto às disputas locais que tornaram ainda mais complexo o processo de separação política.

A influência das memórias históricas na acepção da historiografia liberal portuguesa no século XIX: o antimiguelismo como propulsor de um discurso

Thiago Andreuci Alves Silva

A presente submissão se refere à pesquisa realizada durante Iniciação Científica vinculada ao projeto de pesquisa cujo título é "Liberalismo e contrarrevolução: brasileiros e estrangeiros nos processos políticos do reinado de D. Miguel, Lisboa, 1828-1834" coordenada pela Profª Drª Andréa Lisly Gonçalves. O reinado de D. Miguel colocou fim à primeira experiência liberal portuguesa e foi marcado por intensa repressão política aos seus opositores. Compete à pesquisa identificar personagens que, com graus diferentes de envolvimento, lutaram contra o regime absolutista de D. Miguel e puseram-se em defesa do constitucionalismo, além de avaliar a produção de documentos e obras relacionadas ao período. Abarcando ambas intenções, o objetivo inicial da iniciação científica é estudar a legitimidade das memórias-históricas/biografias e o seu lugar na estante dos fatos históricos, tendo como objeto a fonte História do Cativeiro dos Presos de Estado na Torre de São Julião da Barra de Lisboa de João Baptista da Silva Lopes. Lopes é deposto de seu cargo político, perseguido por ser constitucionalista e preso no ano de 1828, quando iniciou suas memórias até ser libertado em 1833 com a tomada de Lisboa pelos liberais. A memória sobre o cárcere de Silva Lopes, foi registrada durante o período absolutista e tinha o propósito de reforçar a divulgação do perfil repressivo do governo miguelista, personificando-se como uma importante exposição do cotidiano das prisões e suas características insalubres. Os relatos dos diários do autor/personagem configuram-se como memórias as quais são, sob um olhar geral, dotadas de relevante conteúdo histórico. Nesse viés, compete à pesquisa desenvolver o debate acerca da influência das memórias históricas sendo que na análise de escritos feitos pelos liberais envolvidos no conflito político, como a obra de Silva Lopes, pode-se compreender relevantes fatores acerca da construção historiográfica liberal portuguesa além de esmiuçar aspectos do discurso liberal e características gerais referentes ao governo miguelista. De que maneira as memórias históricas do século XIX se estabelecem como fontes de história? Qual a relação do conflito político vivido durante o governo de D. Miguel com a produção de história da época? Como as memórias históricas dos liberais envolvidos nos conflitos políticos se transformam em estrato relevante da historiografia do período? A análise da obra de Silva Lopes, produzida durante o cárcere composta em quatro volumes, pode trazer elementos preponderantes para tais questões. A pesquisa, além de extensa bibliografia analisada e da fonte, trabalhou com a transcrição da representação "19861 - 1824, abril, 29, Lisboa - Brasil - Pernambuco" do Conselho Ultramarino pertencente ao Arquivo Histórico Ultramarino utilizada como parte do trabalho sobre a influência das relações luso-brasileiras durante o período analisado e como uma das bases documentais para a escrita de artigo pela orientadora do projeto.

Aspectos da experiência política do Liberal Animoso João Crispim e os exilados no Brasil contra o (antigo) regime de D. Miguel (1828-1834)

Luiz Gustavo Martins (Coordenador da sala)

O reinado de D. Miguel em Portugal (1828-1834) foi caracterizado por intensa repressão e perseguição políticas aos opositores liberais, deslocando milhares de pessoas ao exílio. Tendo em vista as perseguições praticadas, forjou-se, no exterior do país, a resistência ao Rei. Quanto ao Brasil, tornou-se um destino, nessa altura, para muitos exilados. O estudo que apresento a seguir insere-se no contexto de uma dissertação de mestrado em andamento que tem por finalidade investigar aspectos da experiência política de exilados liberais no Brasil, perseguidos em razão da repressão desencadeada pelo reinado de D. Miguel, em Portugal e em outros países da Europa, e que, ao se instalarem em território brasileiro, puseram-se a defender o constitucionalismo e as ideias liberais. A obra O Liberal Animoso rebatendo a penúltima pancada mortal do Liberalismo de João Crispim Alves de Lima, emigrado "português" no Império do Brasil, é uma das fontes principais aqui analisadas. Pretende-se por meio dela, abordar alguns aspectos da resistência ao regime implantando pelo rei usurpador, contextualizar, de forma sucinta, o miguelismo em sua relação com o exílio liberal europeu e americano e apresentar outros dois exilados, Joaquim José da Silva Maria e Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, que se instalaram no Brasil, também em razão das perseguições do regime de D. Miguel. Tais aspectos ajudam a esclarecer o trânsito de pessoas e ideias no interior da Europa e nas Américas nas primeiras décadas do Oitocentos. 

O acesso aos manuscritos da Secretaria de Governo da Capitania de Minas Gerais no século XXI

Ygor Gabriel Alves de Souza

É em carta de 4 de abril de 1736 que o governador da Capitania de Minas Gerais, Gomes Freire de Andrade, ordena a Antônio de Sousa Machado que "faça inventário exato e miúdo de todos os livros, ordens e mais documentos que se acharem na Secretaria." As atividades desenvolvidas pelo então Secretário foram os primeiros passos para a organização da documentação manuscrita produzida pela administração portuguesa em Minas Gerais. Esta documentação, em sua grande maioria, foi integrada ao Arquivo Público Mineiro nos anos imediatamente após a sua fundação, em 1895Ao longo dos anos que nos separam da organização de Antônio de Sousa Machado, os documentos - e aqui especificamente os códices - da Secretaria de Governo da Capitania foram inventariados diversas vezes e, nas últimas décadas reformatados. Este processo que nos é caro: do livro físico para o microfilme, do rolo para a imagem digital e da digitalização para um servidor online. O acesso a esta documentação importante para os estudos de Minas Gerais colonial é tema central deste trabalho, no qual deseja-se compreender como os códices da Secretaria de Governo da Capitania podem ser acessados atualmente. Por meio da utilização do Sistema Integrado de Acesso do Arquivo Público Mineiro (SIAAPM) busca-se analisar como as ferramentas disponibilizadas pela instituição de guarda promovem a difusão e o acesso a este vasto corpus documental. Por fim, pretende-se demonstrar como o processo de digitalização e disponibilização do acervo em uma plataforma online pode abrir horizontes para novas pesquisas.

ASPECTOS CODICOLÓGICOS E PALEOGRÁFICOS DO LIVRO PRIMEIRO DE ATAS DAS SESSÕES DA CÂMARA DO MUNICÍPIO DE PONTE NOVA - MINAS GERAIS

Jayne Aparecida Loures de Brito

Este trabalho pretende apresentar e analisar determinados aspectos codicológicos e paleográficos de manuscritos que integram o acervo documental do Arquivo Público de Ponte Nova, Minas Gerais. Intitulado Livro Primeiro de atas das Sessões da Câmara do Município de Ponte Nova , o corpus selecionado constitui-se por manuscritos de caráter diplomático, escritos durante os séculos XVIII e XIX. Fundamentando-se nos princípios das áreas da Paleografia e Codicologia, inicialmente será realizado um recorte representativo do documento e em seguida, a descrição de aspectos paleográficos e do códice: o tipo de escrita, os sinais abreviativos e a ortografia utilizada à época.

Publicação de textos nos anais eletrônicos

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  • Nos artigos produzidos por graduandos, a inserção da nota de rodapé após o nome do autor é OBRIGATÓRIA e deve trazer o nome completo do professor orientador da pesquisa e sua instituição, observando o seguinte padrão: Ex:A produção do presente artigo contou com a orientação do Prof. Dr. João da Silva, professor ou pesquisador na (Sigla da instituição);
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